quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Entrevista sobre a China.

Desde Proletária News começamos o projeto de realizar entrevistas sobre temas que são polémicos entre os setores da esquerda.
O primeiro tema decidido foi a China. Fizemos publicidade desta iniciativa nas redes sociais e entramos em contato com várias pessoas. Mas só conseguimos duas respostas, uma delas era muito parecida a realizada pelo Camarada Yoldas ainda que era mais curta e estava menos trabalhada, pelo que decidimos que de momento (pelo menos até receber mais respostas), imos publicar unicamente a do Camarada Yoldas.

Agradecemos ao camarada Yoldas ter aceitado a nossa solicitação e ter tomado o trabalho de preparar as respostas com este nível e profundidade.

Pensamos seguer contando com o Camarada Yoldas para próximos temas a tratar e esperamos que mais pessoas queiram participar em esta iniciativa de entrevista curtas sobre temas polémicos na esquerda.

A nossa consideração é que as respostas do Camarada Yoldas são de grande interesse e que tem utilidade na clarificação realidade da China e do mundo.

Entrevista sobre a China ao Camarada Yoldas.

-Proletária News: 1) China é capitalista?

Camarada Yoldas: Si, China é umha sociedade capitalista, com um estado burguês que garante a propriedade privada dos meios de produçom. O estado burguês garante a existência da mercadoria força de trabalho, o monopólio da violência, etc.
Ademais, China é umha grande potência em todos os âmbitos. O PIB em paridade de poder de compra (é dizer descontado a diferença de preço medidos em dólares), superou ao de Estados Unidos em 2017. Agora mesmo o PIB em paridade de poder de compra é arredor de um 130% o dos Estados Unidos de América.
O estado chinês é o segundo em gasto militar do mundo. Ele já conta com três porta-avions e umha frota marítima que superou aos Estados Unidos em números (mas nom os superou em tonelagem total).
O estado chinês já conta com umha base militar em Djiguti. Um país que está situado no continente Africano frente ao Iémen, na entrada do Mar Vermelho, e que serve para controlar o trânsito polo Canal de Suez.

-Proletária News: 2) Qual é o segredo do "milagre econômico chinês"?

Camarada Yoldas: Ademais das peculiaridades nacionais o segredo da economia capitalista chinesa pode-se resumir em cinco pontos.
A) O legado revolucionário. A revoluçom agrária da época comunista e do socialismo (com Mao), permitiu produzir alimentos para a sua imensa populaçom, permitiu a erradicaçom das relaçons sociais feudais, conseguiu alfabetizar a todo povo, etc.
B) As jornadas de trabalho de doze horas diárias durante seis dias da semana.
C) A apertura dos mercados estrangeiros para as mercadorias fabricadas na China.
D) As facilidades de obter crédito bancário para os capitais chineses.
E) As ótimas infraestruturas, as estradas, as vias ferroviárias, os portos, etc, existentes na China, unido à energia a um preço barato graças as subvençons estais a energia empregada polos capitais.

-Proletária News: 3) O estado chinês é um estado burguês?

Camarada Yoldas: Si, o estado chinês é um estado burguês. Nom pode haver umha sociedade capitalista sem um estado burguês. Em umha sociedade feudal (com um estado feudal) podem existir pessoas com relaçons sociais capitalistas, como existirem de fato na Europa dos séculos XV, XVI, XVII; mas nom pode existir umha sociedade capitalista sem um estado burguês. Nom pode existir umha sociedade capitalista sem a polícia, juízes e cárceres que protejam os capitais.
O estado chinês como qualquer estado burguês garante a propriedade privada sobre os meios de produçom. A chamada "propriedade pública" e as "empresas públicas" som umha das formas que adopta a propriedade privada capitalista.

-Proletária News: 4) Atualmente existe o socialismo chinês?

Camarada Yoldas: Nom. Realmente nom pode existir socialismo, nem formas de propriedade socialista, em umha sociedade dominada por um estado burguês que garante com a violência policial, com o exército, com as cárceres; a propriedade privada dos meios de produçom.

-Proletária News: 5) Que diferença há entre a diplomacia e a política externa da chinesa e a política externa dos Estados Unidos?

Camarada Yoldas: A China é umha sociedade capitalista em ascensom, com um forte crescimento. Umha sociedade capitalista com grandes capitais que buscam obter matérias primas da África e outros lugares, que busca assegurar as rotas comerciais e que tamém busca, dominar o mercado mundial. Com estas circunstâncias China transformou-se na grande defensora do "livre mercado mundial", e os Estados Unidos que é umha potência em declínio adoptou umha política protecionista (nom imos entrar aqui em tudo que significa isto) mas, os Estados Unidos intentam debilitar a China por qualquer médio porquê sabem que o tempo joga na sua contra.
A política externa do estado chinês agora mesmo é de "baixo perfil" é dizer, procuram nom chamar a atençom tendo declaraçons muito suaves sobre temas tam importantes como o do genocídio de Gaza. É umha política de nom intervençom militar, de proteçom sem publicidade dos seus aliados e nom criam, nem financiam, grupos terroristas, como si faz os Estados Unidos. Mas, conforme aumentem as suas tensions com os Estados Unidos e os seus aliados ou, quando a resistência dos povos que sofrem a exploraçom dos capitais chineses aumentem, o estado chinês aumentará o emprego do seu poder militar.

- Proletária News: 6) A onde leva o ascenso da China e o declínio dos Estados Unidos?

Camarada Yoldas: Expressado a grosso modo, podemos dizer que o declínio dos Estados Unidos e o ascenso da China leva ao militarismo, a formaçom de blocos militares e a guerra.
Aqui sobre isto temos que chamar a atençom sobre o fato que o mundo atual nom nos leva cara um suposto "mundo multipolar" onde se pode estabelecer umha suposta "soberania nacional", onde teriam voz os pequenos estados e onde existiriam maiores possibilidades para que os governos dos estados burgueses adoptaram "políticas progressistas", etc. Na realidade o equilíbrio entre o poder militar de China com a Rússia e os seus aliados, frente ao poder militar de Estados Unidos e os seus aliados; conduz cara o militarismo, cara a preparaçom da próxima guerra mundial, cara a guerra nuclear e cara o inverno nuclear que faria inabitável para os humanos grande parte do planeta terra durante décadas. Ademais este inverno nuclear reduziria a populaçom de áreas que estam mui longe de onde foram cair estes artefatos a umha milésima da populaçom atual.
A conclusom é simples, o capitalismo da época imperialista nom pode ser levado cara a criaçom de um mundo melhor. As grandes potências têm umha tendência a se enfrentar na guerra (ainda sabendo que numha guerra nuclear nom há ganhadores), a possibilidade de iniciar a "destruiçom mútua assegurada" sempre estará presente enquanto existam estados burgueses.
Tamém quero dizer que é triste que pessoas e organizaçons que se consideram comunistas acabem por acreditar no discurso burguês que afirma que é possível um mundo melhor ao que chamam, "o mundo multipolar". O equilíbrio de poder no capitalismo significa: guerra. O equilíbrio de poder entre a burguesia e o proletariado levaria inevitavelmente a guerra, à revoluçom.
Na época histórica do imperialismo, que é o período atual do modo de produçom capitalista, o equilíbrio de poder entre os blocos das grandes potências leva a guerra. Ainda que o poder político das burguesias tenha medo da destruiçom provocada pola guerra nuclear, nas sociedades capitalistas as relaçons sociais estam ocultas detrás "dos preços", "dos mercados", do "interesse nacional", da "raçom de estado" ou, do militarismo; estas atuam como forças aparentemente autónomas e com "vida própria". Elas determinado sobre a vida e a morte de pessoas e povos inteiros. Esta é a triste realidade.
Sem a necessária substituiçom do poder político da ditadura burguesa polo poder político da ditadura do proletariado como classe, nom é possível transformar o funcionamento aparentemente autónomo dos "mercados", do " interesse nacional", etc, etc. Nom é possível substituir as dinâmicas das sociedades capitalistas polo interesse objetivo do proletariado, dos povos do mundo, e da humanidade;  sem a prévia destruiçom do poder político burguês e a construçom do novo poder político do proletariado revolucionário.

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